A exemplo de diversas instituições do país, a UFJF foi palco, nesta quarta-feira, de um grande ato em defesa da universidade. A ação uniu entidades representativas, administração superior, movimentos sociais e estudantis, partidos políticos e artistas para realizar, em uníssono, a defesa da universidade pública enquanto direito social e como dever do Estado. O chamado para a Greve Nacional da Educação no dia 15 de maio esteve presente em grande parte das falas, que enfatizaram a necessidade de ampliação dessa mobilização para além dos portões da universidade.
O Fórum das Entidades, constituído pela APES, Sintufejuf e DCE, construiu a ação como uma resposta às declarações do Ministro da Educação Abraham Weintraub, que anunciou cortes nas universidades e ameaçou a liberdade e autonomia de instituições. Neste anúncio, a UFJF seria uma das instituições que estaria sendo “avaliada” pelo Ministério.
A presidente da APES, professora Marina Barbosa, enfatizou o esforço coletivo que o Fórum das Entidades vem fazendo para ampliar e impulsionar esta mobilização na sociedade, e destacou o papel da comunidade universitária neste momento. “Nós estamos lidando com um governo anti-ciência. Nós estamos com a obrigação e com uma grande responsabilidade de ir para a rua, para cerrar fileiras em defesa da educação pública, da universidade, dos institutos federais. É necessário nesse momento, que a gente diga em alto e bom som, que a possibilidade de um país superar os seus problemas, não está em minguar as universidades. Está, sim, em fortalecê-las enquanto lugar estratégico, que contribui para perspectiva da emancipação humana.”
Marina destacou também a resistência que está sendo construída em todo o país e chamou pela construção e participação de todos e todas no ato que acontecerá no dia 15, organizado em ampla unidade pela Frente em Defesa da Previdência.
Diversas entidades se manifestaram neste mesmo tom e foram alternadas com performances artísticas conduzidas pela poeta Duda Masiero e pelo poeta Ícaro Renault, pelo palhaço Afrânio (Nidu/FAEFID), pelos músicos Renato da Lapa, Cacaudio e Uiara Leigo e pelas bandas Fusca Voador e Forró Dourado.
Além das entidades presentes, a vice-reitora da UFJF, professora Girlene Alves da Silva, se pronunciou saudando a organização dos atos pelas entidades e apontando para a gravidade do anúncio dos cortes. Entretanto, ressaltou que a redução do investimento na educação superior já vem acontecendo. “O que cabe a nós nesse momento é organizarmos a resistência. Na perspectiva institucional algumas frentes já estão sendo tomadas. Mas esse é o momento que a sociedade precisa entender o papel da universidade pública. Esse movimento é importante, é belo, mas nós precisamos sair desses dois portões. Cortar o investimento na universidade pública brasileira significa colocar em risco uma política que é muito cara para a sociedade brasileira: que é a nossa política de inclusão. Nós avançamos pouco nesse campo. Mas o conjunto das universidades brasileiras vem trabalhando cotidianamente não só para aumentar o número de acesso, mas também de permanência na instituição. Este é o primeiro ato de sinalização clara para a sociedade que nós vamos resistir.”