O 4° Congresso da CSP-Conlutas se realizou entre 03 e 06 de outubro na cidade de Vinhedo, no estado de São Paulo. O evento teve a participação de quase 2.300 pessoas, durante quatro dias. Foram 1.591 delegados, 234 observadores, 59 convidados, 61 da delegação internacional, 286 pessoas da equipe de imprensa, apoio e expositores, mais 53 crianças na creche. Ativistas de dez países diferentes estiveram presentes. A delegação do ANDES-SN, composta de várias seções sindicais, incluindo a APES, e membros da diretoria ANDES-SN, apresentaram as propostas aprovadas no Congresso e CONAD.
No dia 03 de outubro, aniversário da Petrobrás, em meio a Greve Nacional da Educação dos dias 2 e 3 de outubro, a CSP-Conlutas e diversas entidades e movimentos realizaram um protesto em frente à Replan (Refinaria da Petrobrás em Paulínia).
No dia 04 de outubro, a Delegação Internacional, composta por representantes de 15 países, abriu as atividades com informes da luta dos trabalhadores da Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai, México, Espanha, França, Itália, Palestina, Síria, Namíbia, Costa do Marfim, Sudão e Hong Kong. Muitos deles do setor da educação, servidores públicos em geral, de correios, petroleiros, metroviários, ferroviários, além de militantes de movimentos sociais.
No sábado, 05 de outubro, o Congresso promoveu um ato protagonizado por indígenas, quilombolas e membros de movimentos populares com o tema “a destruição do meio ambiente sob o governo Bolsonaro”. Antes das intervenções, indígenas da tribo Cariri Quixelô, do Ceará e Guarani, de São Paulo, realizaram uma apresentação conjunta de músicas e danças tradicionais. O rapper Igor, do grupo “Resistência do Gueto”, de São Paulo, somou-se a apresentação que reuniu indígenas e movimento negro.
No dia 06 de outubro, a mesa de combate às opressões prestou uma homenagem a Marielle e Anderson, assassinados no Rio de Janeiro, e também à transexual Aurora.
A plenária final aprovou 11 moções internacionais e 30 nacionais de apoio às lutas, greves, repúdio às perseguições, entre vários temas.
Leia Abaixo Análise da Professora Marina Barbosa, presidente da APES, presente ao evento, sobre o 4º Congresso da CSP-Conlutas
Considerando a conjuntura que vivemos, a realização deste congresso se inscreve nela como um momento de muita responsabilidade para as lutas, ao reunir em torno de 1500 delegados e delegadas, respeitando a configuração sindical e popular, e ainda tendo a presença de representantes de entidades internacionais que partilham as lutas gerais da classe conosco. Mas a potencialidade para se apresentar como sujeito coletivo para a classe e a juventude não se sustenta nos números, na metodologia adotada e nas resoluções aprovadas. E, nestes aspectos, há muito o que se avaliar tendo como referência as posições aprovadas nas instâncias de nosso sindicato, as quais foram apresentadas ao congresso.
Metodologia dos debates prejudicou a construção de sínteses
Destacamos que a metodologia organizativa para os debates não propiciou o pleno exercício da democracia, ao tratar as propostas individualmente umas contra outras. Tal fato impediu a construção de sínteses entre os pontos de acordo entre elas, o que impossibilitou possíveis unidades em formulações de ação, que fortaleceria a Central nas categorias e movimentos e também a ação mais unitária pós congresso. O que se processou foi a formalidade democrática, impondo permanentemente o voto do setor majoritário, sem diálogo com setores minoritários, que são importantes na construção da Central e das lutas futuras.
Resoluções aprovadas contrariam posições do ANDES-SN
Durante o Congresso, foram aprovadas resoluções frente à conjuntura, as quais vão orientar as ações da Central no próximo período, e que se contrapõem a muitas das resoluções do ANDES-Sindicato Nacional, incluindo aspectos de nossa concepção sindical.
Dentre elas destacamos: a posição frente ao país vizinho, a Venezuela, que apresenta na sua formulação o “Fora Maduro”, o que se choca com nossa proposição de soberania do povo venezuelano; quanto ao Lula, aprovou-se uma proposição que não reconhece a prisão como um caso político, e se recusa a enfrentar a ação do judiciário como parte da ação da burguesia nacional e internacional. Tão trágico quanto estas, foi aprovar o uso da taxa negocial pelos sindicatos da Central, ação que se confronta diretamente com nossa posição de autonomia e independência dos sindicatos frente ao estado e a resistência frente à estrutura sindical brasileira. Por fim, chamamos atenção para a posição contra o Fórum Sindical, Popular e da Juventude de Lutas Por Direitos e Liberdades Democráticas, espaço privilegiado de ação do ANDES-SN na construção das lutas neste último período e tem servido para aglutinar muitos setores no enfrentamento ao governo. Clique aqui para ler sobre as proposições do ANDES-SN no Congresso.
Paridade nas estaduais da central
Cabe registrar que o ANDES, junto com outros setores, foi defensor da proposta de paridade nas estaduais da Central, o que foi aprovado como tarefa a ser construída.
Também tivemos resoluções nos setoriais que absorveram algumas propostas do Sindicato Nacional.
Resoluções representam setor majoritário da central
O que temos é um Congresso que termina com resoluções que representam somente o setor majoritário da central, sem busca de sínteses e unidade maior para a ação.
O Andes não se furtou ao debate e ao balanço crítico. Em todos os grupos e plenárias apresentou suas proposições, registradas no caderno de teses, e se esforçou para buscar unidade com setores em nossas propostas. Veja o balanço da central, apresentado pela Secretária Geral do ANDES Eblin Farage, aprovado no 64º Conad.
O que temos de desafio é, em primeiro lugar, seguir atuando na construção das lutas, cumprindo o papel de protagonista nas lutas da educação como o Sindicato Nacional tem feito. E, além disso, dar sequência ao compromisso assumido no Conad de aprofundar a discussão sobre a relação de nosso sindicato com a Central, considerando este congresso e as experiências acumuladas nas instâncias da Central, nos estados e nacionalmente.
Temos certeza de que responderemos à altura este desafio, mantendo nossos princípios e compromisso com a luta da classe trabalhadora e da categoria docente como parte dela.