Foi realizada na sede da APES, nesta quarta-feira, 29 de março, uma reunião para organização da Jornada Universitária em defesa da Reforma Agrária (JURA), em Juiz de Fora. A Jornada, que acontece nacionalmente há 10 anos, reúne uma série de atividades político-culturais a partir da construção dialógica entre Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e universidades públicas. Em 2023, a JURA tem como tema “Reforma Agrária Popular: em defesa da natureza e de alimentos saudáveis”. Além do tema central – a defesa da natureza e dos alimentos saudáveis – a jornada terá 3 eixos: a luta pela educação, a questão ambiental e a questão da fome.
Estiveram presentes nesta reunião de organização o presidente da APES, Leonardo Andrada, as representantes do MST Elis Carvalho e Michele Capuchinho, as professoras Anne Bastos e Edilaine de Moraes da Faculdade de Turismo da UFJF, e, pelo DCE, Bárbara Camargo, Lara Polisseno e Daniel Veentura (Levante Popular ). Outros encontros têm sido realizados com docentes de outros cursos da UFJF e, na zona da mata, atividades têm sido construídas em instituições como UEMG, IF SUDESTE MG e UFV.
Neste encontro, Michele Capuchinho retomou a relação histórica entre a UFJF e o MST, reforçando o pioneirismo da instituição na construção de cursos voltados especificamente para a formação de integrantes de movimentos sociais e para o debate sobre reforma agrária e outras causas populares. Para Michele, o chamado nacional, neste momento, é retomar este diálogo entre o movimento e as instituições federais de ensino como forma de produção de conhecimento, trocas e debates.
A JURA terá lançamento nacional no dia 17 de abril, em uma live. A data marca o Dia Internacional da Luta Camponesa e relembra o Massacre de Eldorado dos Carajás, no qual 21 trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra foram brutalmente assassinados em um ataque realizado pelas tropas da Polícia Militar do Pará. A Jornada se insere, assim, em “Abril Vermelho”, integrando o calendário de lutas deste período dentro do movimento.
Juiz de Fora
Na reunião, foi discutido um cronograma de atividades na UFJF, que dependerá dos próximos passos e articulações a serem construídas com demais entidades e coordenações de cursos que já estão envolvidos com as atividades relacionadas à reforma agrária.
A previsão é de lançamento da Jornada em meados de abril, após o lançamento nacional, com um ato solene na universidade em homenagem à Gabriel Pimenta, advogado de trabalhadores rurais do Pará cujo assassinato em 1992 foi reconhecido pela Corte Interamericana de Direitos Humanos como crime cometido pelo Estado Brasileiro.
Um seminário sobre a questão agrária está previsto para o início de maio, na UFJF.
Também serão organizadas oficinas temáticas, que abordarão temas de relevância, como mineração, questão ambiental, soberania alimentar e racismo.
Em junho, será realizado o encerramento da JURA em Juiz de Fora, com um “Ato político-cultural Sem Anistia”, no Armazém do Campo.
Além dessas ações, outras atividades, como debates, aulões e visitas ao assentamento Dênis Gonçalves estão previstas na Semana do Serviço Social, Semana da Geografia e disciplinas do curso de Turismo. A APES pretende organizar uma participação dos professores e professoras no mutirão do plantio solidário, em maio.
Como parte da atividade de recepção aos calouros e calouras da UFJF organizada pelo DCE, a entidade irá realizar um pré-lançamento da JURA no dia 12 de abril, com uma feira da reforma agrária “Gabriel Pimenta” e uma mesa de debate sobre “soberania alimentar”.
A organização pretende agendar uma reunião com a administração superior da UFJF para aprofundar a construção coletiva da jornada e obter mais apoios, no intuito de realizar um evento com maior visibilidade e impacto para a comunidade universitária e para a cidade.
A programação completa da JURA será lançada em breve, nas redes sociais do MST, da APES e do DCE.