No final da tarde desta quarta-feira, dia 21 de junho, a APES se reuniu com docentes do IF Sudeste MG para discutir suas condições de trabalho, tendo como pano de fundo os problemas que vem se avolumando no instituto. O professor Leonardo Andrada, presidente do sindicato, abriu o encontro ressaltando que estas questões não são casos isolados, mas se configuram como um processo coletivo de degradação das condições de trabalho, de desrespeito aos docentes, sem o correspondente acolhimento de direções, coordenações e administrações. O cenário teve, como incidente mais visível, a agressão física sofrida pela professora Patrícia Pedrosa Botelho, proveniente de uma aluna do IF Sudeste MG, no qual a docente obteve todo o apoio do sindicato. A este respeito a APES divulgou, nesta quinta-feira, uma nota de solidariedade, que pode ser acessada aqui.
Professores e professoras realizaram inúmeros relatos sobre os problemas que tensionam a prática do ensino, entre eles, a falta de apoio do IF Sudeste MG aos docentes que se sentem sozinhos, em um ambiente de precarização dentro da sala de aula e a falta de preparo da instituição para receber estudantes com Necessidades Educacionais Específicas.
O assessor jurídico da APES, Leonardo Castro, presente à reunião, afirmou que, desde que entrou para o quadro da APES, em 2003, nunca viu uma situação similar à da professora Patrícia e que o número de casos semelhantes tem aumentado.
APES tem buscado o diálogo com Administração Superior do IF Sudeste MG
A APES, em março deste ano, fez uma reunião com a administração do IF Sudeste MG no sentido de resolver o problema e tentou mais dois encontros para debater o assunto, mas não obteve respostas positivas. “A falta de acolhimento do caso da professora Patrícia chegou ao ponto de ser negado a ela o acesso ao processo administrativo aberto no caso. A APES teve que entrar com um mandado de segurança, que ainda não foi julgado”, afirmou o advogado.
Ao que parece, as ações do sindicato contribuíram para acelerar o processo de contratação de profissionais que atuarão como profissionais de apoio junto aos alunos com necessidades educacionais específicas. Desde a semana do dia 14 de junho, o campus Juiz de Fora conta com os serviços de quatro profissionais de apoio para atender 57 estudantes com necessidades educacionais específicas. Apesar disto, os docentes ressaltaram que o número de profissionais contratados é muito inferior ao necessário e não atende à demanda. Outro ponto levantado é a falta de informações sobre os estudantes com necessidades educacionais específicas. Estes iniciam as atividades no campus sem ao menos que os professores saibam de suas necessidades; não há o acompanhamento de uma junta bio psico social para indicar como o trabalho deve ser realizado com os estudantes com necessidades educacionais específicas. Tudo é feito sem preparo e sem o devido cuidado com os estudantes.
Os docentes percebem que a administração tem se esquivado de enfrentar o problema, de tomar decisões e defender os professores, colocando as responsabilidades sobre o Ministério da Educação, salvaguardando o Instituto e deixando professoras e professores sem o apoio necessário.
Campanha nas redes
Durante a reunião, foi proposta a realização de uma campanha nas redes sociais de exposição dos casos, e que os docentes possam realizar pequenos relatos sem que seja necessária sua identificação.
“A APES defende a inclusão de estudantes com necessidades especiais, como sempre fez, no entanto, as Instituições têm o dever de dar condições para que estes estudantes se desenvolvam da melhor maneira possível. Isto não pode ser feito de maneira atabalhoada, sem os devidos cuidados para que casos como o da professora Patrícia parem de ocorrer. É função das administrações superiores acolher estes estudantes da melhor maneira possível, mas também acolher seus trabalhadores, dando condições de trabalho dignas e bem planejadas”, disse Leonardo Andrada da direção da APES.