Seguindo decisão aprovada em assembleia, a APES solicitou reunião com a Administração Superior da UFJF para tratar das questões relacionadas ao Ensino Remoto Emergencial (ERE), suas consequências para a qualidade no ensino, para as condições de trabalho e para a saúde de docentes e estudantes. A base da APES tem se manifestado sobre o ERE e apresentado demandas sobre a questão, seja via questionário aplicado pela seção sindical no site, seja em situações registradas junto à Assessoria Jurídica, ou diretamente com diretores do sindicato, também via e-mail e durante a assembleia.
Presentes à reunião virtual, a professora Marina Barbosa, o professor Augusto Cerqueira, o Reitor Marcos David e a vice-reitora Gisele Silva.
Durante a reunião, a professora Marina recuperou toda a trajetória de discussão feita em relação ao Ensino Remoto Emergencial, tanto no sindicato local quanto no nacional, também durante as assembleias que trataram do tema e as reuniões do Conselho Representantes. Explicou sobre o questionário que está sendo aplicado junto a categoria, cujos dados estão sendo analisados para que se possa configurar uma compreensão mais próxima da realidade e também possa servir de base para apresentação e sustentação das reivindicações junto às administrações superiores.
O Professor Augusto apresentou as questões que foram tratadas na assembleia e os pontos centrais debatidos em torno do ERE, como a intensificação do trabalho, agravada pela impossibilidade do controle do horário de trabalho; a precarização das condições de trabalho; custo alto de equipamentos; consumo de energia elétrica; problemas com ergonomia, de relacionamento estudantes/docentes; danos para saúde psicológica de docentes e estudantes, advindas da interface digital, e a impossibilidade de se estabelecer relação de ensino por meio digital, dado o alto grau de desumanização da atividade. Também destacou os problemas com a imagem dos docentes e estudantes, com câmeras invadindo a privacidade de professores, professoras e estudantes. Finalizando, lembrou do avanço das grandes corporações privadas sobre a educação pública, agravado pelo não desenvolvimento de plataformas públicas viáveis para o ERE.
A Administração Superior fez uma avaliação do quadro, considerando os pontos que foram levantados e prestou um informe sobre o esforço que tem sido feito para desenvolvimento de uma plataforma pública, que envolva todo o sistema Federal, no sentido de utilizar recursos tecnológicos que permitam descentralizações de servidores em rede. Disse também do esforço feito pela frente parlamentar em defesa da plataforma pública, no sentido de prever dotação orçamentária para este fim, mas que já há movimentações contrárias no âmbito do parlamento, por parte do executivo.
Demandas da APES
Levantamento sobre os estudantes
A diretoria destacou a importância de que a UFJF realize um levantamento da situação dos estudantes e suas dificuldades frente ao ERE, que acabam tendo como consequência o trancamento de disciplinas, as dificuldades de aprendizagem etc. O objetivo seria obter uma dimensão mais ampla do que ocorre entre os estudantes nesse momento, já que isso interfere diretamente no trabalho docente.
Em relação a isso, a Reitoria informou que será apresentado, na próxima reunião do Conselho Superior, um panorama da situação, identificado pela Pró-reitoria de Graduação, no sentido de se identificar a situação dos estudantes neste primeiro semestre, envolvendo dados sobre disciplinas, aprovação, reprovação e trancamentos, com o compromisso de que, caso esses dados não permitam um perfil mais amplo, seria possível solicitar ajustes e maior amplitude das informações.
Levantamento sobre os docentes
Outra sugestão da diretoria seria um levantamento em relação à situação do trabalho docente, às experiências que estão sendo vivenciadas, sobre o que as chefias de unidade estão observando e quais as demandas principais dos docentes frente às situações que têm sido apresentadas.
A reitoria informou que um questionário estava em fase final de elaboração e seria disponibilizado via Siga para professores e estudantes, como de fato foi colocado nesta terça feira, 08 de dezembro, com o objetivo de perceber qual foi o quadro vivenciado neste primeiro semestre.
Comissão de Condições de Trabalho
O terceiro ponto tratou da Comissão de Condições de Trabalho da UFJF, sobre como ela tem desenvolvido suas atividades desde o início da pandemia. Na visão da APES, a comissão cumpriu parcialmente seu papel, ao realizar um diagnóstico e propor ações de capacitação, tendo uma minuta de resolução aprovada no CONSU da UFJF. Entretanto, a comissão não avançou na regulamentação do trabalho remoto. Adicionalmente, a minuta de apoio social aos trabalhadores e trabalhadoras da UFJF foi remetida, em setembro, pelo CONSU para análise da Comissão e somente ao final de novembro ocorreu nova reunião da comissão para tratar do assunto.
Em relação a esse ponto, a Reitoria informou que assumiu o compromisso de realizar a discussão do caminho para que se possa chegar a um bom termo na resolução a ser apresentada no Conselho Universitário.
Volta às aulas presenciais
Sobre o debate em torno da volta presencial das aulas, o reitor apresentou considerações sobre a pandemia na região e sobre a pressão existente por parte dos setores privados para volta presencial, inclusive em reuniões oficiais da ANDIFES com estas instituições privadas e o Ministério da Educação, onde essa pressão se fez presente. Argumentou, no entanto, que é muito importante estar atento, não só para o quadro da pandemia, mas também para a dinâmica que o próprio estado, cidade e região vão adotar em termos de medidas.