Na noite de quinta-feira, 15 de agosto, o jornalista Breno Altman esteve na sede da APES para uma palestra e uma noite de autógrafos do seu mais recente livro “Contra o sionismo – retrato de uma doutrina colonial e racista”, em que aborda os elementos centrais na história do conflito entre palestinos e israelenses, os eventos de 7 de outubro e a reação desproporcional de Israel.
O jornalista fez um resgate histórico do povo judeu, desde os tempos bíblicos até os dias de hoje, passando pela dominação assíria, persa e finalmente com a destruição de Jerusalém pelos Romanos no início da era cristã, fato que causou uma onda de migração para a Europa. Desde então, os judeus passaram, segundo seu relato, por perseguições de variadas origens, seja de nobres ou a alta burguesia, que ambicionava seu poder econômico, centrado em bancos e comércio, com traços de perseguição religiosa, via inquisição católica ou mesmo em países protestantes.
Essa trajetória de perseguição, deu margem à criação do Sionismo, idealizado pelo jornalista turco Theodor Herzl, que fomentou uma organização que promoveu a migração judaica para a Palestina, visando construir um Estado para os judeus, no final do século 19. A migração foi intensa e estabelecida por meio da compra de terras, na idealização de um futuro estado, onde, até então, era território do Império Turco Otomano. Posteriormente, com a comoção mundial, criada em torno do holocausto judeu, perpetrado pelo regime nazista, a criação do estado de Israel tomou forma em 1948, tendo como base o sionismo como forma de estabelecer o domínio sobre o território.
“O sionismo é uma corrente ideológica que se baseia em dois pilares: o primeiro, a criação de um Estado judeu para combater a perseguição contra os judeus. Um estado étnico, de supremacia étnica judaica como é hoje o Estado de Israel. Não um estado nacional, mas sim baseado na hegemonia, na supremacia de uma etnia sobre todas as demais. O outro pilar, o direito de ocupar a Palestina parcial ou totalmente para criar esse Estado judeu. Naquele momento, a maioria imensa da população local era formada por palestinos de fé muçulmana. Foi desencadeada então uma operação de colonização da Palestina, de segregação, de expulsão, de limpeza étnica, de submissão e, no limite, de extermínio. O sionismo tem muitas alas, mas esses dois princípios são obedecidos por todas as suas áreas, desde os setores mais moderados até os setores mais extremistas’, explica Altman
Ele afirma ainda que é possível sintetizar o sionismo como uma corrente nacional chauvinista, racista e colonial e relembra que, durante um longo período, entre 1975 e 1991, por meio da Resolução 33 79, as Nações Unidas consideraram oficialmente o sionismo uma forma de racismo, discriminação racial e apartheid. Para ele, defender os palestinos é um dever de todos e todas, já que esta é uma luta contra a extrema direita mundial, que tem no estado de Israel um modelo de tudo o que desejaria implementar.