Trabalhadoras/es de órgãos federais, estaduais e municipais exigem valorização do serviço público e reajuste salarial
Diversas categorias de servidoras e servidores públicos estão em um movimento grevista crescente, envolvendo as esferas municipal, estadual e federal. As mobilizações mostram a insatisfação da classe trabalhadora diante da desvalorização do serviço público e das perdas salariais em um contexto de crescente inflação. E mostram também a capacidade de organização das entidades representativas, que vem construindo agendas unificadas para combater medidas que vem destruindo a carreira e os serviços públicos do país, o que impacta especialmente nos direitos sociais da população mais necessitada.
SPF
No âmbito federal, a greve unificada dos SPF, construída na Jornada de Lutas das entidades que compõem o Fonasefe e o Fonacate, vem ganhando novas adesões desde o dia 16 de março. Nesta data, entidades deram um ultimato ao governo para conversar sobre a campanha salarial dos servidores federais. Como as negociações não foram iniciadas, no dia 23 de março, foram iniciadas as greves. A pauta nacional é pelo reajuste emergencial de 19,99%; revogação da Emenda Constitucional 95 (teto de gastos) e a derrubada da Proposta de Emenda à Constituição 32 (Reforma Administrativa).
De acordo com a Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social), a greve de servidores do INSS já atinge 14 estados.
Segundo a Unacon Sindical, que representa auditores e técnicos federais de Finanças e Controle, servidores/as do Tesouro Nacional vão paralisar suas atividades nesta nesta sexta-feira, 25 de março, e nada vai funcionar no órgão nesse dia. Os servidores/as também iniciaram a chamada operação padrão, que afetará todas as áreas do Tesouro. A Unacon também afirmou que servidores do Tesouro vão desistir formalmente das funções de substituição. Isso significa que secretários, subsecretários e coordenadores ficarão sem seus substitutos. “O termo já tem adesão de 80%”, diz a entidade. “Esse é um passo que antecede a entrega de cargos, que também já tem adesão de mais de 50%.
Técnico-administrativos de instituições federais de ensino também estão em greve. É o caso dos/as servidores/as da Universidade Federal de Alagoas, que entraram em greve por tempo indeterminado no dia 23, na mesma semana em que a universidade retomou as atividades presenciais. TAEs da UFJF também entraram em greve neste dia. Em reunião de instalação do comando local de greve, que contou com quase 200 servidores/as, a deliberação unânime foi de ir para Brasília, onde trabalhadores e trabalhadoras mantêm vigília permanente para pressionar o governo.
Em reunião do Setor das Federais realizada nesta segunda, 21 de março, seções sindicais do ANDES-SN decidiram manter as mobilizações e o processo de construção da greve unificada, com concentração de esforços para envio de caravanas à Brasília. Com a deliberação, as seções sindicais manterão o estado de greve e realizarão assembleias permanentes. A indicação de próxima rodada de assembleias será entre os dias 11 e 14 de abril.
ESTADOS e MUNICÍPIOS
Em Minas Gerais, servidores/as da Educação estão em greve desde o dia 9 de março. Em assembleia realizada pelo Sind-Ute MG nesta quarta (23), reunindo mais de 5 mil educadores, os trabalhadores/as decidiram manter a greve. A categoria reivindica que o governador Romeu Zema (Novo) cumpra a Lei Nacional e a Estadual e pague o piso salarial nacional. Atualmente, o piso nacional da categoria é de R$ 3.845,63, porém o vencimento básico de um professor em Minas Gerais é de R$ 2.135,64.
Docentes da UEMG estão em greve desde o dia 19 de março. Eles fazem coro a outras categorias insatisfeitas com o reajuste de 10% oferecido pelo Governo de Minas aos servidores públicos. Os professores da UEMG estão sem reajuste real desde 2012 e reivindicam o cumprimento de um acordo judicial estabelecido em 2016 referente a incorporação de gratificações, e a mudança no regimento de horas de trabalho A paralisação teve adesão de 21 unidades da UEMG, em 16 municípios mineiros. Até o momento, 13 cidades se mobilizaram, realizando atividades e atos locais, sendo uma das maiores mobilizações da universidade nos últimos anos.
A greve dos metroviários de Belo Horizonte entrou no quarto dia nesta quinta-feira (24). A categoria exige abertura de diálogo sobre as normas de privatização do metrô, para evitar a demissão de funcionários e garantir o emprego dos trabalhadores e trabalhadoras concursados. O texto que regulamenta a privatização do metrô permite que a Companhia Brasileira de Trens Urbanos transfira funcionários para as empresas privadas que irão assumir a administração do serviço. O sindicato dos metroviários afirma que não recebeu nenhuma informação sobre como ficará a situação dos servidores concursados após a mudança.
No Rio de Janeiro, os garis da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) anunciaram o início de uma greve na segunda, 28 de março. Eles reivindicam um reajuste de 10% no salário e também no vale alimentação, além de pagamento de insalubridade para agentes do preparo de alimentos, auxiliares de serviços gerais e vigias e pagamento do acordo de resultados, que está atrasado desde 2018.