A APES realizou na quarta-feira, dia 02 de fevereiro, uma live para debater o cenário da pandemia em Juiz de Fora e a volta presencial às aulas, com as presenças do pesquisador Lucas Ferrante, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e Dina Amara Faria, Professora das Rede Municipal de Juiz de Fora, integrante da Frente de Defesa da Educação. A live está tendo uma grande repercussão devido aos alertas dados com relação ao que pode acontecer com Juiz de Fora, caso mantido o retorno presencial nas escolas.
Ferrante, que faz parte de um grupo de pesquisadores do INPA, UFMG, UFSJ, o qual tem discutido e avaliado as questões da covid 19 em municípios do país, com publicações em revista como a Nature e a Science, disse na live que o modo como está se dando o retorno presencial na rede municipal de Juiz de Fora é grave e pode contribuir para o colapso do sistema de saúde, aumento expressivo do número de mortes, aumento do número de sequelados, surgimento de nova variante do vírus, além de colocar em xeque todas as medidas tomadas para contenção da epidemia até agora.
Para ele, os protocolos de segurança sanitária adotados não são suficientes e a cidade, que já se encontra em ritmo de transmissão comunitária, pode ter uma explosão de casos devido ao aumento na mobilidade urbana em decorrência do retorno obrigatório às aulas presenciais na cidade. Ele explica que o modo mais eficiente de se combater a transmissão seria, pelo menos nesse momento, a manutenção do ensino remoto junto ao desenvolvimento de um plano gradual para o retorno presencial. Com base nos estudos realizados em relação à situação da pandemia em Juiz de Fora, ele recomendou ainda a exigência da vacinação para aqueles que vão voltar ao ensino presencial, com a cobrança do passaporte vacinal, apoiando-se no Estatuto da Criança e do Adolescente, e a volta escalonada a partir do próximo mês, à medida que as crianças vão sendo vacinadas.
Já a professora Dina Amara, afirmou que é preciso ouvir professoras e professores para a volta presencial nas escolas de Juiz de Fora e que isso não está sendo feito de forma adequada. Para ela, não há como atender às necessidades de segurança nas escolas pela forma como as coisas foram estruturadas, com anos de sucateamento e sem novos investimentos que garantam o retorno seguro. Ela argumentou que, no atual momento, se cobra a volta às aulas como um serviço essencial e não como um direito constitucional e, ainda assim, não se investe o necessário para que essa importância seja reconhecida. Ela ressalta a necessidade de valorização dos profissionais da educação, a implantação de protocolos sanitários rígidos, o investimento em infraestrutura, vacinação e testagem como elementos fundamentais para o momento atual, em que é necessário aprender com os erros do passado e corrigir rotas.