O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, confirmou que concorda com as ideias já manifestadas pelo presidente Jair Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, de que não houve golpe em 1964 e muito menos regime ditatorial, e portanto, os livros didáticos devem passar por mudanças.
Segundo entrevista para o jornal Valor Econômico, o ministro afirmou que “as mudanças serão progressivas na medida em que seja resgatada um versão da história mais ampla” e que é papel do Ministério da Educação garantir que essa preparação e distribuição dos livros garanta uma “ideia verídica, real” do que foi a história do Brasil.
Para Vélez, ainda, a forma correta de se referir ao período seria como uma “decisão soberana da sociedade brasileira” e “regime democrático de força”. Na visão de professores e historiadores ouvidos pela Folha de S.Paulo, a fala do ministro faz propaganda política e não condiz com o que representa seu cargo, tratando com leviandade toda uma historiografia científica consolidada e baseada em testemunhos e documentos.
“Para além da política ultra liberal na economia, o governo em todas as suas esferas tem se apoiado no discurso mentiroso da extrema direita para justificar os ataques aos direitos, as liberdades democráticas e o aumento da violência do estado. Nesta linha, a defesa da ditadura-empresarial-militar, um regime reconhecidamente criminoso, é fundamental para justificar a atual transformação das instituições. É inacreditável e lamentável que em 2019 tenhamos um governo e principalmente um ministro da educação, que quer impor censura e falsificação da história brasileira. Se estivéssemos em um regime minimamente democrático e independente do interesse do grande capital, tais ações praticadas por governantes deveriam ser exemplarmente punidas. Nós como sociedade precisamos combater, denunciar e lutar contra essas ações.” disse Augusto Cerqueira, diretor da Apes.