Pães, queijos, verduras sem agrotóxicos, quitutes diversos, cafés orgânicos e o famoso bonézinho vermelho do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) são alguns dos produtos que você encontra na Cesta Agroecológica do movimento, entregue aqui, na sede da APES na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
A cesta é intitulada “agroecológica”, graças ao fato de que cada um de seus alimentos são orgânicos e produzidos sem agrotóxicos, ou seja, sem veneno e outros produtos químicos. De acordo com Enrique Leff, em seu artigo Agroecologia e Saber Ambiental (2002), a agroecologia, como reação aos modelos agrícolas depredadores, se configura através de um novo campo de saberes práticos para uma agricultura mais sustentável, orientada ao bem comum e ao equilíbrio ecológico do planeta. Assim, os produtos da cesta são mais nutritivos e benéficos para a saúde do ser humano, do planeta e das futuras gerações, quando comparados aos alimentos produzidos em larga escala e pelo agronegócio.
Para Lorena Aparecida, militante do MST e uma das organizadoras da cesta, essa é uma oportunidade para os juiz foranos consumirem produtos sem agrotóxicos e ainda contribuirem com as famílias para que se mantenham no campo. Lorena conta que, devido à necessidade de comercialização da produção do assentamento, as famílias se juntaram e formaram esse coletivo, em que cada um contribui de alguma maneira. Atualmente, a cesta é formada por produtos da cooperativa composta por 10 famílias do Assentamento Dênis Gonçalves, localizado no município de Goianá, na antiga fazenda Fortaleza de Sant’Anna.
O assentamento
Segundo reportagem do MST, a fazenda era um dos grandes latifúndios improdutivos da zona da mata mineira com histórico de exploração e trabalho escravo, mas que, no dia 25 de março de 2010, teve sua história ressignificada quando cerca de 150 famílias e estudantes das universidades federais de Viçosa e Juiz de Fora ocuparam o lugar. Após sofrerem despejo e morarem às margens da MG 353, em agosto de 2013, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) reconheceu a posse da área e mais de 200 famílias reocuparam as terras no dia 03 de setembro do mesmo ano.
O assentamento Dênis Gonçalves recebeu esse nome em homenagem a uma criança do Assentamento Olga Benário, em Visconde do Rio Branco-MG, que, ainda pequeno, abraçou a luta no assentamento e participava ativamente da ciranda infantil. Conforme contam os alunos da Facom em reportagem produzida para a disciplina Processo II, um dia, Dênis faleceu vítima de um acidente automobilístico em uma visita à cidade. A homenagem foi realizada para lembrar que Dênis está presente na luta da família Sem Terra.
Hoje, 13 anos após sua primeira ocupação, o assentamento de Goianá é um dos maiores do estado de Minas Gerais com mais de 4,683 mil hectares, sendo a maior parte reserva legal, uma vasta reserva de mata atlântica intocada, o que permite grande preservação da fauna e flora local. Só em observação de aves, é possível identificar mais de 260 espécies diferentes, um paraíso para observadores, contando com uma diversidade maior que o Parque nacional da Tijuca (157 espécies), Serra do Brigadeiro (160 espécies) e Parque estadual de Ibitipoca (141 espécies).
Para contribuir com uma alimentação mais saudável para você e sua família e, ainda, apoiar a agricultura agroecológica familiar, compre os produtos da Cesta Agroecológica do Assentamento Dênis Gonçalves. A compra é feita de forma online através do link (https://bit.ly/43a1eMZ) a partir de 16h das sextas-feiras até às 10h das segundas-feiras. As cestas podem ser retiradas no Armazém do Campo, localizado na Av. Francisco Bernardino, 30 – Centro, ou aqui, na sede da APES, às quintas-feiras, de 13h30 às 17h30.
Fontes:
https://mst.org.br/2022/03/25/assentamento-denis-goncalves-12-anos-de-resistencia-e-esperanca/
https://facomnoturno2013.wixsite.com/denisgoncalves
https://www.projetovidanocampo.com.br/agroecologia/agroecologia_e_saber_ambiental.pdf