Desde segunda-feira, 6 de fevereiro, até esta sexta-feira, a delegação da APES participa do 41° Congresso do ANDES-SN, realizado pela primeira vez em Rio Branco (AC) com o tema central “Em defesa da educação pública e pela garantia de todos os direitos da classe trabalhadora”. A APES tem como representantes no evento: Leonardo Andrada, Jalon Morais, Lisleandra Machado, Augusto Cerqueira, Dileno Dustan, Fábio José Martins, Lucas Mendes e Renato Gonçalves.
De acordo com as informações do ANDES-SN, o Congresso recebe um total de 608 participantes, 82 seções sindicaos, 435 delegados/as, 122 observadores/as, 17 convidados/as e 34 membros da diretoria do Sindicato Nacional.
Confira uma síntese dos principais eventos do Congresso divulgadas até o momento pela imprensa do ANDES.
Abertura
Na manhã de segunda-feira, 6 de fevereiro, foi realizada a mesa de abertura, composta por Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN; Paulo Barela, representante da CSP-Conlutas; Nedina Luíza Yawanawa, representante do Movimento Indígena do Acre e professora indígena; Dercy Telles, líder seringueira e a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (AC); Amanda Dornelles, do Movimento pela Universidade Popular (MUP); Letícia Mamed, presidenta da Adufac SSind.. Também compusrem a mesa Amauri Fragoso, 1º tesoureiro do ANDES-SN; Regina Ávila, secretária-geral do ANDES-SN, e José Sávio Maia, 1º vice-presidente da Regional Norte I do ANDES-SN. Além da diretoria nacional, diversos representantes de entidades, movimentos sociais, indígenas e estudantis estiveram presentes, como André Valuch do Fórum Sindical e Popular da Juventude, Luana Rodrigues Silva da Pastoral da Juventude e Margarida de Aquino Cunha, reitora da Ufac.
Após a abertura, foi realizada a plenária de instalação, com aprovação do regimento, do cronograma e da pauta do 41º Congresso do ANDES-SN. No período vespertino, as e os docentes debatem a conjuntura na plenária no Tema I.
A apresentação cultural foi realizada pelo grupo Cantos e Encantos Yawanawa, que surgiu no ano de 2020 e é composto por mulheres do povo Yawanawa, originárias da Terra Indígena do Rio Gregório, todas elas professoras indígenas formadas pelas Ufac.
Um novo número da Revista Universidade e Sociedade foi lançado. Leia aqui. E também foi instalada a Comissão de Enfrentamento ao Assédio.
Foi realizado, ao final, um ato contra o feminicídio da estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Piauí (Ufpi) e poetisa, Janaína da Silva Bezerra, de 22 anos.
Conjuntura e movimento docente
Na parte da tarde, foi realizada a Plenária de Conjuntura e Movimento Docente. Segundo a cobertura do ANDES-SN, a plenária avaliou as lutas travadas pelo Sindicato Nacional no último período e a derrota da extrema-direita nas urnas. Os desafios após a eleição do novo governo e a necessidade de continuar a ocupar as ruas na defesa da Educação e dos direitos da classe trabalhadora foram amplamente debatidos pela categoria.
Na abertura da plenária, professores realizaram um ato contra o machismo e o assédio nos espaços do Sindicato Nacional e das universidades, institutos e cefets.
As autoras e os autores dos doze textos de conjuntura apresentaram suas contribuições. Diversas falas apontaram a importância da unidade da luta da classe trabalhadora no último período para enfrentar a extrema-direita e vencer o bolsonarismo nas urnas. Ressaltaram ser fundamental que essa unidade se amplie e fortaleça para vencer o projeto bolsonarista nas ruas e avançar nas conquistas de direitos e pela revogação das contrarreformas trabalhista e da previdência.
Foi destacada também a importância da desmilitarização do governo, da punição dos responsáveis pelos atos golpistas de 08 de janeiro, bem como demais ataques aos povos indígenas, população LGBTQIA+, negras e negros. “Sem anistia!”, foi a palavra de ordem entoada durante vários momentos da plenária.
O apoio à luta dos povos originários e a necessidade do Sindicato Nacional intensificar as ações e reflexões sobre o ecossocialismo e em defesa dos povos das águas e das florestas, dos recursos naturais e contra a exploração do Capital também estiveram presentes nas intervenções.
Após as apresentações, foram abertas 30 inscrições. No entanto, apenas 18 falas foram contempladas, antes de encerrar o tempo da plenária previsto na programação aprovada. As delegadas e os delegados deliberaram pela não prorrogação do tempo regimental.
Leia a cobertura completa do primeiro dia aqui
Planos de Lutas dos Setores das Iees e Imes é aprovado no 41º Congresso
Docentes de 82 seções sindicais do ANDES-SN aprovaram, na tarde desta quarta-feira (8), o Plano de Lutas dos Setores das Instituições Estaduais e Municipais de Ensino (Iees/Imes). As deliberações, que ocorreram durante a Plenária do Tema II, irão guiar as ações da categoria e do Sindicato Nacional no decorrer do ano de 2023. Até sexta-feira (10), mais de 600 docentes participam do 41º Congresso do ANDES-SN.
A plenária aprovou a realização da Semana de Lutas do Setor das Iees/Imes, entre os dias 22 e 27 de maio, e do XIX Encontro do Setor das Iees/Imes para o segundo semestre deste ano. Ambos os eventos terão os temas e locais definidos posteriormente em reunião do Setor.
As e os docentes também decidiram que as seções sindicais, com apoio das secretarias regionais, intensificarão a luta pelo financiamento público das Iees e Imes, promovendo debates com a comunidade acadêmica e audiências públicas internas e externas sobre o financiamento das instituições das Estaduais e Municipais com vistas à apropriação sobre a gestão orçamentária da universidade, entre outras especificidades.
Deliberaram também que as seções sindicais, em articulação com as secretarias regionais, ampliem a luta pela recomposição das perdas salariais da categoria, pela garantia dos direitos de carreira atacados a pretexto das medidas tomadas por conta da pandemia, e dos prejuízos decorrentes das implicações da EC 106/2020, que instituiu o regime extraordinário fiscal, financeiro e de contratações para enfrentamento da calamidade pública nacional provocada pela Covid-19.
Ainda sobre a carreira docente, o ANDES-SN e as seções sindicais irão intensificar a defesa do financiamento público para as Iees/Imes, a luta contra planos de privatizações por dentro dessas instituições e lutar pela revogação da Lei Kandir e da Emenda Constitucional 95/2016, que instituiu o Teto de Gastos Sociais, e pela garantia do pagamento da dívida da cota-parte dos estados pela União. As delegadas e os delegados votaram a favor da defesa do regime de trabalho em dedicação exclusiva (DE) como prioritário para a carreira docente, defendendo a DE onde esse regime de trabalho está sendo atacado e lutando contra a sua retirada quando da aposentadoria.
Com relação à autonomia universitária foi aprovado que as seções sindicais, em articulação com as secretarias regionais, lutarão por processos estatuintes no mínimo paritários, buscando a democracia interna, o fim da lista tríplice e de qualquer interferência do poder executivo nas escolhas dos dirigentes das universidades.
41º Congresso aprova plano de lutas para docentes federais
As delegadas e os delegados do 41º Congresso do ANDES-SN aprovaram as resoluções que orientarão as lutas de docentes das Instituições Federais de Ensino. As deliberações ocorreram durante a plenária do Tema II – Plano de Lutas dos Setores, que teve início na quarta-feira (8) e foi concluída no final da tarde de quinta (9).
Foram aprovadas uma série de resoluções referentes à atuação em conjunto com as demais entidades de servidores e servidoras públicos federais como, por exemplo, priorizar e intensificar a luta pela revogação da Emenda Constitucional 95/2016, do teto dos gastos sociais, e pelo arquivamento da PEC 32/20, da contrarreforma Administrativa, entre outras.
O ANDES-SN irá reforçar a campanha salarial unificada do funcionalismo federal, com a reposição emergencial imediata das perdas salariais decorrentes da corrosão inflacionária, tomando como base o índice de 26,94% e pela recomposição integral das perdas salariais históricas e demais pontos da pauta conjunta já apresentada ao governo federal.
O Sindicato Nacional irá, ainda, priorizar e intensificar a luta, em articulação com as demais entidades da educação, pela recomposição orçamentária da educação pública federal. Dará também continuidade à luta contra as intervenções realizando campanha nacional sobre o tema, ao longo deste ano, com recursos do Fundo Único do ANDES-SN.
As e os docentes aprovaram também que o ANDES-SN e as seções sindicais realizarão debates para fortalecer a luta pelas cotas, a fim de garantir sua continuidade e ampliação para a graduação, pós-graduação e concursos para servidores e servidoras técnico-administrativos e docentes, além de intensificar e ampliar a luta pela assistência estudantil. Também foi aprovado inserir, na mesa de negociação com o Ministério da Educação, a revogação da portaria do MEC 2117/2019, que define 40% de carga horária EAD para cursos presenciais em todas as áreas.
O Sindicato Nacional atualizará os Cadernos sobre Precarização das Condições de Trabalho nas IFES, com o processo de sufocamento e contingenciamento orçamentários, o avanço do trabalho remoto, a plataformização do trabalho docente, as condições sanitárias, de saúde mental e de trabalho na realidade pós-pandemia e a retomada das atividades presenciais, entre outros encaminhamentos; bem como realizar uma semana de luta e ocupação das IFE, no primeiro semestre, com debates, rodas de conversa e expressões artísticas culturais trazendo nossas principais pautas por condições de trabalho e estudo e pela recomposição dos orçamentos.
Diante do recente leilão realizado para a cessão de área pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as delegadas e os delegados deliberaram a favor da luta contra a transformação dos campi universitários em ativos imobiliários para impedir a continuidade e disseminação de projetos como Viva UFRJ, que recentemente privatizou parte do campus da Praia Vermelha sob a tutela do BNDES.
Agenda de mobilização
Uma agenda de mobilizações também foi aprovada durante a Plenária do Tema II. Em unidade com as e os SPF, as delegadas e os delegados aprovaram a construção de um Dia Nacional de Luta, no mês de março, para exigir do governo o arquivamento da PEC32/20, da contrarreforma Administrativa. Já para abril, será construído, em unidade com demais entidades do Fonasefe, centrais sindicais, movimentos sociais, populares e de juventude, o Dia Nacional do Revogaço.
A plenária ainda aprovou uma agenda nacional de mobilização específica do Setor, convocando a categoria docente para a luta em defesa dos direitos, das condições de trabalho e das IFE. Além do encaminhamento das pautas junto ao governo federal e às reitorias, foi deliberado pela instalação de mesas de negociações e a organização de pautas locais. Em março, está previsto o Dia Nacional pela recomposição do orçamento das IFE.
No mês de abril, docentes realizam o Dia Nacional pela revogação das Leis nº 5540/68 e nº 9192/95 e do Decreto nº 1916/96, que estabeleceram e regulamentaram a lista tríplice nas IFE, além do respeito à democracia e à autonomia das instituições federais de ensino, em conformidade com a Constituição Federal. No mesmo mês, será realizado o Dia do Revogaço das Resoluções sobre Desenvolvimento na carreira, promoções e progressões que retiram direitos das e dos docentes.
Na plenária do Plano de Luta do Setor das Ifes também foi discutida a importância do Sindicato Nacional reforçar a luta em defesa das e dos docentes do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), bem como da carreira única do magistério federal. Para isso, o ANDES-SN também continuará na luta pela revogação da portaria MEC nº983/2020, já aprovada na comissão de Educação da Câmara Federal, cujo objetivo é impor um novo regime de horas trabalhadas aos docentes vinculados aos colégios de institutos federais, cefets e colégios de aplicação vinculados às universidades federais.
A entidade empenhará, ainda, esforços na luta pela suspensão da determinação do controle de frequências das e dos docentes do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT), garantindo isonomia no que diz respeito ao controle de frequência, incluindo a carreira EBTT no decreto 1867/96.
Protesto
Na manhã de quinta (9), antes do início dos trabalhos da plenária, foi realizada a leitura de um poema antirracista. Professoras e professores subiram ao palco e, de mão dadas, dançaram ao som de Ilê Pérola Negra, da artista Daniela Mercury. No meio da manhã, mais uma vez, docentes se pronunciaram contra o racismo e entoaram as palavras de ordem “povo negro lindo, povo negro forte, que não foge a luta, que não teme a morte”.
Nas mãos seguravam cartazes com os dizeres: “Racismo é crime”, “Branquitude reveja seus privilégios”, “Nem todo pardo é negro, branquitude tira a mão da minha vaga. Não às fraudes”, “Cotas na composição das diretorias do ANDES-SN e seções sindicais”, entre outros.
Desfiliação da CSP-Conlutas
Na tarde de hoje (10), o 41º Congresso do ANDES-SN aprovou a desfiliação do Sindicato Nacional, da CSP-Conlutas, a Central Sindical e Popular, por 262 votos favoráveis, 127 contrários e 7 abstenções.
A cobertura completa do Congresso pode ser acessada no site do ANDES-SN.
Delegação da APES participa no Congresso do ANDES-SN. Fotos: Fábio Martins (APES) e ANDES-SN.
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